sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Tudo

Só me sinto uma célula do mundo
uma delas
voando pelo espaço
um pedaço muito pequeno do "tudo"
esse "tudo" que eu sinto passar por cima de mim
passar marchando em cima de mim, por ser menor
e ficar parada no espaço, amassada e vagando, sendo levada apenas pelo ar... e batendo, talvez, de cabeça em algumas extremidades do tudo, do mesmo tudo que passou por cima de mim, girando em volta dele
e girando em volta de mim mesma, me analisando e vendo o quão pouco eu sou em relação a tudo isso que tá por cima de mim
e ainda sendo mais uma, como o ar que a gente não vê mas que a gente pode sentir
e sabemos que sem ele não vivemos, mas não enchergamos ele
como ele pode ocupar meus espaços se eu não o vejo?
ele entra dentro de mim e eu nem posso ver!
Que invasão!

É como se eu tivesse pego carona no caminhãozinho do sorvete
e tivessem me largado na via láctea, não sei como, mas ao jeito criança de ver
eu tivesse caído sem pára-quedas aqui
o ar me trouxe até aqui!
Qual é a sua, senhor Ar?!

Por que não apareces pra mim? Se podes me levar aonde quiser?
e pode me dominar, e me fazer sentir tua falta em menos de 30 segundos?!
Por que eu não posso ver um dos meus tutores vitalícios?!
é como se tu abraçasse alguém usando uma máscara
Quando vemos alguém de máscara, sempre temos vontade de revelar a identidade que se esconde por trás
Por que o ar se esconde?

a água é incolor, mas eu posso ver ela
se o ar fosse água, morreríamos afogados
beberíamos ar e respiraríamos a água?!
Quero comer o ar.
Queria conseguir engolir a imensidão
e todo ar que existe, sentir tudo que existe dentro de mim
me tornar o tudo, mas apenas um pouco... só pra poder me sentir "mundo"
mas que egoista seria eu
ao tomar tudo de todo
me fazendo mundo
Prefiro ainda ser uma célula, parte do tudo.
célula do mundo! *-*

Aline Valença em um dia qualquer, um desabafo qualquer.

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